
Senhores do Castelo de Belmonte, os mouros vivem momentos de satisfação e descontracção. O seu líder, muito confiante na inexpugnabilidade das muralhas, decreta uma festa. Foi este o ponto de partida da recriação encenada no último sábado à noite, no âmbito da quarta edição da Feira Medieval de Belmonte, que decorreu entre a última sexta-feira e ontem, à qual assistiram centenas de curiosos.
Uma bela dançarina abeira-se de umas das janelas da fortificação amuralhada e dança ao ritmo de sonoridades árabes. Para apimentar o bailado, é-lhe entregue uma serpente, que a dançarina coloca no pescoço, sem parar os movimentos bamboleantes de anca. As festividades dos mouros são interrompidas, porque ao longe se avista um batedor a cavalo a regressar ao Castelo. O mensageiro estava ferido e trazia novidades: “As tropas portuguesas estão a caminho!”.
Com o rufar de tambores como prenúncio de batalha, avistam-se os soldados perfeitamente fardados e prontos para não sair daquele local sem uma vitória. Posicionam-se em áreas entrincheiradas e inicia-se uma tentativa de acordo diplomático. O chefe dos mouros não quer ouvir de acordo. Aliás, a única resposta que oferece é atirar pela janela fora um espião português que tentou perceber a força das tropas árabes.
Face a este revés, o comandante das tropas nacionais opta por recrutar “à força” seis elementos do público. Atribui-lhes a missão de partir a porta da fortificação com um ariete, mas é a arma de arremesso que acaba destruída.
PORTUGUÊS VENCE DUELO
Os mouros riem-se com a inoperabilidade dos atacantes. Em desespero, o comandante português desafia “o melhor cavaleiro mouro contra o pior português para um combate singular”. Aparece um árabe confiante, no entanto, a sua espada curvada não é melhor que a do cavaleiro português. Acaba capturado.
Chegou a vez de toda a infantaria se colocar frente a frente, ainda distante, porque este é o momento do disparar de canhões. Tanto de um lado como do outro, fazem disparar luminosas bolas de fogo. Contudo, a batalha continua por decidir. As tropas portuguesas decidem-se a um ataque frontal. A destreza na espada decidirá quem são os vitoriosos.
Como seria esperado neste género de recriações medievais, os mouros caem que nem tordos, apenas restando o líder muçulmano que, mesmo assim, se nega a entregar a chave do Castelo. Com duas espadas encostadas ao pescoço, o mouro acaba por se render e entregar as chaves, na condição que “possa ir embora com todo o meu hárem”.
O espectáculo durou cerca de 40 minutos, mas uma boa parte público não abandonou logo se seguida o espaço da Feira Medieval do Artesãos. Entre ruelas apertadas, muitos se dirigiram às tascas ou para mais uma vistas de olhos nas dezenas de bancas de artesanato e outros produtos tradicionais.
Vítor Teixeira, administrador da Empresa Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social
“Referência na Região Centro para este género de eventos”
Ainda sem dados finais, ao final da tarde de ontem, sobre a afluência de visitantes da IV Feira Medieval do Artesão, Vítor Teixeira, administrador da Empresa Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social (EMPDS) de Belmonte, estima que tenham passado pelo certame “mais 30 por cento de visitantes do que no ano passado”. Em 2006, estiveram em Belmonte cerca de 30 mil pessoas. O orçamento do certame rondou os 50 mil euros.
(...) o responsável salientou “o continuado crescimento da Feira desde a sua primeira edição”, concluindo que “neste campo, Belmonte tornou-se uma referência na Região Centro para este género de eventos”.
Este ano estiveram espalhados pelas ruas de Belmonte “quase uma centena de artesãos de todo o País e também de Espanha”, onde a animação foi “constante”. As festividades foram promovidas por 12 grupos portugueses, espanhóis e italianos, para além das recriações que estiveram a cargo, como em anos anteriores, da empresa especializada em espectáculos medievais Viv’Artes. O grupo de bombos do Paul participou pela primeira vez na animação de rua.
in Diário XXI
Esteve presente nesta Feira Medieval? Quais os aspectos positivos e negativos que se destacaram? Acha que esteve melhor ou pior que no ano anterior? Que acrescentaria de novo ou modificaria se pudesse?