No ano passado, na Lageosa, apenas uma turma funcionou. Mas este ano já haverá duas e uma outra de nível superior, em parceria com a Escola Agrária de Castelo Branco. Ou seja, depois de muito se ter falado sobre o possível fim da escola, esta caminha, segundo os seus responsáveis, para um futuro mais risonho
Era uma vez um ilustre lavrador da Cova da Beira, Júlio de Campos Mello e Matos, que há mais de seis décadas legou ao Estado Português parte dos seus haveres, para que na sua quinta pudesse funcionar um estabelecimento de ensino prático de agricultura. Longe estaria ele de imaginar que essa Escola viria a completar 60 anos de vida. Pois bem, é essa a idade que este ano a Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa completa e, segundo os seus responsáveis, de boa saúde. “A escola tem futuro” assegura João Silveira Pinto, presidente do Conselho Executivo.
Era uma vez um ilustre lavrador da Cova da Beira, Júlio de Campos Mello e Matos, que há mais de seis décadas legou ao Estado Português parte dos seus haveres, para que na sua quinta pudesse funcionar um estabelecimento de ensino prático de agricultura. Longe estaria ele de imaginar que essa Escola viria a completar 60 anos de vida. Pois bem, é essa a idade que este ano a Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa completa e, segundo os seus responsáveis, de boa saúde. “A escola tem futuro” assegura João Silveira Pinto, presidente do Conselho Executivo.
Uma Escola “com gente que ensina e aprende” mas que, nos últimos tempos, não tem vivido tempos fáceis. Aliás, Silveira Pinto, que completa agora, ele e a sua equipa o primeiro ano de mandato, não tem dúvidas: este ano à frente da instituição foi marcado por imensas dificuldades e o principal trabalho da sua equipa foi dar uma nova imagem à escola no sentido da credibilização da mesma. “Havia a ideia de que a escola iria encerrar e tivemos que lutar contra essa ideia. Não foi fácil atrair alunos. Mas conseguimo-lo” afirma, orgulhoso.
Na Lageosa ensina-se tudo o que se relaciona com desenvolvimento rural, agricultura e pecuária. Com 18 professores no quadro da instituição, difícil tem sido é captar alunos. “É uma escola única na região, com uma formação muito específica” explica Silveira Pinto, que reconhece que este primeiro ano de mandato foi “um desafio”. Até porque quando tomou posse havia “muito poucas pré-inscrições” para o ano lectivo 2007/2008. “Conseguimos formar uma turma, o que dadas as circunstâncias foi muito positivo” salienta. E para isso, foi-se para o terreno. Uma das apostas passou por uma parceria com o Governo de Cabo Verde, no sentido de colocar alunos deste país aqui bem no Interior. “Foi uma parceria que funcionou muito bem” explica Silveira Pinto. Assim, alguns estudantes de Cabo Verde passaram a integrar o curso de Técnico de Formação Agrária. Para o ano, outros amigos poderão seguir-lhes o caminho. “Tivemos um árduo trabalho na reabilitação da imagem da escola junto da comunidade” explica o presidente do Conselho Executivo. Até porque dizia-se e comentava-se que a Quinta da Lageosa poderia mesmo ter os dias contados, o que em nada ajudava à captação de novos alunos. “Foi preciso passar uma mensagem diferente, até pela forma como as pessoas olham para a agricultura. É preciso dizer-lhes que a agricultura é uma oportunidade” afirma Silveira Pinto. “Hoje a agricultura não é aquela que as pessoas conheceram há anos. É mais moderna. É isso que as pessoas têm que saber” salienta.
Aprender a praticar
Este responsável não tem dúvidas que a Lageosa, pela sua especificidade no ensino, tem todas as condições para se afirmar no panorama regional e nacional. “Temos boas instalações, os alunos aqui aprendem praticando e mesmo quem não tem posses pode aqui estudar de uma forma praticamente gratuita” afirma.
Porém, as nuvens negras que pairavam sobre a Quinta parecem desanuviar-se. Silveira Pinto, a pouco tempo do início das aulas, garante que o panorama, neste segundo ano de mandato, “muda por completo”. “Para o ano teremos duas turmas. Uma no curso de Técnicos de Recursos Florestais e um curso de Turismo Ambiental. Vamos manter a parceria com Cabo Verde, mas também com uma Câmara Municipal de Santa Cruz, uma zona agrícola que nos pediu para abrir vagas para alunos de lá devido precisamente a isso. Estamos sensíveis a isso. Assim, dentro de número de vagas que temos, alguns alunos serão de lá” afirma Silveira Pinto. Os dois novos cursos surgem associados à realidade da região, onde floresta e turismo ambiental marcam forte presença. “De facto estamos atentos a isso” assegura o responsável da Escola.
Curso de defesa da floresta para o ano
Mas há mais novidades para o ano. O alargamento da oferta formativa será mesmo uma realidade e a Lageosa vai passar a ministrar um curso de nível 4, ou seja, de nível superior. “É já no próximo ano. Vai existir pela primeira vez na Escola e vai catapultar a Escola para um patamar superior. É um curso de defesa da floresta contra incêndios, que irá captar licenciados, pessoas com o 12º ou inclusive bombeiros que queiram fazer uma formação específica nesta área” explica Silveira Pinto, que salienta que este será “o segundo curso do género a nível nacional.” Uma formação que decorrerá em colaboração com a Escola Agrária de Castelo Branco. “Será uma mais valia para a Escola” assegura o presidente do Conselho Executivo.
Renovar a imagem: uma prioridade
No ano passado a Escola teve gente de “Norte a Sul do País”, pois temos que ir “à procura no terreno, ao contrário de outras escolas”, mas houve também estudantes da região. “Tivemos alunos de Vila Velha de Ródão, Trancoso, enfim, vários locais de cá. Nós também temos uma função social e é importante que quem não tem posses saiba que pode fazer a sua formação. Oferecemos boas condições e temos a mais valia que é a residência de estudantes” afirma Silveira Pinto.
Mudar a ideia de que a escola estava em crise “não foi fácil” diz Silveira Pinto. Pelo que até nos mais ínfimos pormenores se pensou. Por exemplo, a entrada principal da Quinta da Lageosa foi melhorada, embelezada de modo a que quem passasse na Nacional 18 visse que a instituição estava viva. “Tivemos que mostrar o nosso projecto às pessoas. Tivemos que falar dele. Desenvolvemos actividades novas, como a agricultura de lazer, aos sábados, para os agricultores deste tempo. Pessoas que têm as suas quintas e que vêm aqui aprender a fazer podas ou excertos. Assim trouxemos pessoas à Escola e demos-lhe visibilidade. São actividades que não vão parar” afirma Silveira Pinto. “É importante que passem para o exterior o que de facto a Escola é” afirma.
Sobre o futuro do ensino profissional, o presidente do Conselho Executivo pensa ser uma aposta do Governo, “que valoriza os cursos intermédios”, mas que na reestruturação pensada para o sector será preciso haver “cuidado nas tipologias que as escolas podem oferecer. É prudente que o alargamento da oferta seja feito de forma criteriosa para que não haja um crescimento indiscriminado e não se dê uma formação de saída”.
Numa altura em que completa 60 anos, que serão assinalados com umas comemorações em Outubro, a Escola vê o futuro com outros olhos. E novas ambições. Uma delas é a reactivação da cantina escolar, que foi encerrada pela Direcção Regional de Educação do Centro por já não reunir condições de funcionamento. Numa das salas, onde funcionava o bar, fez-se outra, onde foram fornecidas, no ano passado, as refeições por uma empresa de catering. Porem, a Escola quer um cantina própria, até porque tem no seio do seu corpo de funcionários cozinheiras e muitos dos produtos necessários à confecção dos pratos são produzidos na Quinta. “Seria importante conseguir a cantina, por uma questão de economia. Queríamos pô-la de novo a funcionar e já manifestámos isso à Direcção Regional de Educação” explica Silveira Pinto.
Outro dos anseios é a abertura da Casa de Turismo, o que poderá ocorrer em 2009. Trata-se de um edifício que foi recuperado como casa de habitação, com quartos com casa-de-banho privativa, cozinha e um forno antigo, que servirá de oficina aos alunos de turismo, que a irão gerir, organizar e desenvolver tarefas de acolhimento e animação. “É o sítio onde os alunos irão trabalhar e aprender” explica o presidente do Conselho Executivo. A abertura de uma Casa Museu, para expor o vasto espólio da Quinta, a recuperação de um antigo alambique e de alguns edifícios que fazem parte do Campus da Escola são outros dos projectos em carteira para os próximos anos.
Outro dos anseios é a abertura da Casa de Turismo, o que poderá ocorrer em 2009. Trata-se de um edifício que foi recuperado como casa de habitação, com quartos com casa-de-banho privativa, cozinha e um forno antigo, que servirá de oficina aos alunos de turismo, que a irão gerir, organizar e desenvolver tarefas de acolhimento e animação. “É o sítio onde os alunos irão trabalhar e aprender” explica o presidente do Conselho Executivo. A abertura de uma Casa Museu, para expor o vasto espólio da Quinta, a recuperação de um antigo alambique e de alguns edifícios que fazem parte do Campus da Escola são outros dos projectos em carteira para os próximos anos.
Campos de ensaio para produzir biocombustíveis
Outro dos projectos em marcha, em colaboração com a Escola Agrária de Castelo Branco, é a criação de campos de ensaio para plantas associadas à produção de biodiesel. “Estamos ligados a uma empresa de âmbito nacional para fazer projectos de prospecção nessa área. É um projecto em andamento, mas que não está concluído” explica João Silveira Pinto. “É uma realidade nova e a Escola também quer caminhar nisso. Mas de forma credível. Desta forma talvez se olhe para a agricultura como uma nova oportunidade” afirma.
in " Notícias da Covilhã"
Sem comentários:
Enviar um comentário