quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Inverter as estatísticas

O agrupamento de escolas do concelho de Belmonte, onde segundo os anuários estatísticos existe a maior taxa de retenção no ensino básico, 'tomou medidas', e 'os resultados já melhoraram', disse ontem à Agência Lusa fonte escolar.

De acordo com os Anuários Regionais do Instituto Nacional de Estatística divulgados no último dia 23, o concelho registou no ano lectivo 2006/07 uma taxa de retenção e desistência na ordem dos 20,3 por cento quando a média nacional foi de 10,1 por cento.

No entanto, no ano lectivo seguinte (2007/08) 'essa taxa desceu para 9,8 por cento', refere David Canelo, presidente do Agrupamento de Escolas Pedro Álvares Cabral. Segundo aquele responsável, o principal problema estava no 9º ano de escolaridade, com uma retenção de 40,2 por cento, num universo inferior a 100 alunos, 'o que levou a escola a tomar medidas', A solução foi criar Cursos de Educação e Formação [CEF] de Operador Informático e Acção Social, 'que foram frequentados com sucesso pelos alunos repetentes, e a taxa de retenção, só no 9º ano, desceu para 18 por cento',

Ao mesmo tempo, 'foram criados cursos profissionais de Turismo e Animação Sócio-Cultural a partir do 10º ano, que permitem continuar os estudos em áreas de actividade existentes no concelho', 'Devido à situação económica e social ou apenas por vocação, há alunos que preferem formação com acesso mais rápido ao mundo do trabalho', e a escola 'tem que dar respostas adequadas, evitando o abandono dos estudos', justifica.

Também segundo aquele responsável, a taxa de conclusão do ensino secundário, no concelho (que é frequentado por 85 alunos), subiu de 56 por cento em 2006/07, tal como referido nos anuários, para 70 por cento no último ano lectivo.

David Canelo realça que num universo reduzido de alunos, basta a entrada ou saída de alguns ou mudança de comportamentos de um ou dois para afectar bastante as estatísticas. 'É certo que tomamos medidas. Mas, seja como for, como são poucos alunos, estes dados podem ser muito voláteis, para o melhor e para o pior', realçou.


Visão de um dos sindicatos dos professores

Perda de população, crescimento do desemprego e a emigração são factores que contribuem para a taxa de retenção e abandono escolar registado no concelho de Belmonte, no ano lectivo de 2006/2007, disse ao Diário XXI Dulce Pinheiro. 'Belmonte é um concelho em franca retracção sócio-económica', afirmou aquela dirigente do Sindicato do Professores da Região Centro e deputada municipal eleita pela CDU em Belmonte.

'O desemprego subiu a emigração aumentou e, talvez, resida aí explicação para os dados de retenção e abandono', acrescentou a sindicalista, manifestando preocupação em relação aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística. 'As crianças de Belmonte não são melhores nem piores que as de outros concelhos do País o que muda é o contexto sócio económico', referiu Dulce Pinheiro, sublinhando que o concelho perdeu 700 empregos nos últimos sete anos devido à crise no sector têxtil, nomeadamente nas confecções.

Além disso, Belmonte dispõe de uma população flutuante, especialmente de etnia cigana que 'também pode explicar os números', disse a sindicalista, defendendo o estabelecimento de um plano 'para que o desastre não se repita',

'O concelho não tem uma biblioteca municipal que foi prometida há muitos anos e não foi feita', criticou Dulce Pinheiro. 'Não há laboratórios para as escolas do primeiro ciclo para as crianças fazerem pequenas experiências e a rede de cinco museus existente não é suficientemente dinamizada junto das escolas', afirmou. 'A informatização das escolas, bem dotadas a esse nível, não dispensa laboratórios ou a construção de uma biblioteca', concluiu.


Já neste ano lectivo autarquia espera melhorias

O presidente da Câmara de Belmonte espera obter 'melhores resultados', nas estatísticas de abandono escolar e retenção de alunos relativos a 2007/2008. 'Foi identificado um problema mais agudo na retenção de alunos no 9º ano e o conselho executivo da escola agiu criando cursos de educação e formação [CEF] para alunos com pouca apetência para o ensino regular', disse ao Diário XXI Amândio Melo.

Primeiro nas áreas da informática e acção social e, já este ano, em turismo e animação sócio-cultural. Segundo Amândio Melo, as melhorias 'já são visíveis', com a diminuição de 40,2 para 18 por cento de retenção de alunos no 9º ano e a subida da de 56 para 70 por cento do número de alunos que terminaram o ensino secundário.

'No presente ano lectivo as melhorias serão ainda mais significativas', garante o autarca. Dos cerca de 100 alunos do 9º ano em 2006/2007, 65 mantiveram-se no ensino regular enquanto 33 optaram por integrar os CEF’s que garantem acesso mais rápido ao emprego.

in "Diário XXI"



Ainda bem que ninguém falou no problema da droga e do álcool nos jovens belmontenses! Assim, nesse aspecto, penso que os munícipes podem estar descansados. Até porque as noticias na comunicação social sobre este assunto e relativamente ao concelho de Belmonte são tranquilizadoras... Em que mundo vivem?

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