sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Julgamento do acidente na A23

Os dois arguidos apresentaram versões diferentes das causas que fizeram o autocarro despistar- -se, provocando 17 vítimas mortais e 23 feridos.

Qual era a posição do autocarro nos segundos que antecederam o primeiro embate entre os dois veículos? Foi esta a questão que durante todo o dia de ontem esteve no centro da primeira sessão do julgamento relativo ao acidente ocorrido na A23, em Novembro de 2007, envolvendo um ligeiro de passageiros e um autocarro da Câmara de Castelo Branco, que causou a morte a 17 pessoas, todas a estudar na Universidade Sénior Albicastrense.

Número que se traduziu numa acusação de 17 crimes por negligência pelos quais respondem Carina Rodrigo, condutora do carro, e Fernando Serra, motorista do autocarro, que ontem apresentaram versões diferentes dos factos.
Carina Rodrigo, professora que em 2007 estava colocada em Mação e que à hora do acidente regressava com três colegas à sua residência, em Belmonte, garante que o autocarro invadiu a faixa da esquerda no momento em que esta realizava uma ultrapassagem.

A condutora, que se apresentou bastante nervosa ao longo do depoimento, sublinhou que o autocarro a "apertou" e que depois disso se deu o embate. A arguida disse não se lembrar da sequência dos acontecimentos e negou recordar que tenha ouvido o som da banda sonora central que, de acordo com a acusação, terá pisado.
O despacho de pronúncia refere que nesse momento a condutora se assustou e que, ao tentar afastar-se do separador central, acabou por bater no autocarro. O documento, que se baseia na reconstituição dos factos (realizada em fase de instrução), refere que o autocarro invadiu efectivamente a faixa da esquerda entre 15 a 20 centímetros.
Versão que foi prontamente negada pelo motorista Fernando Serra. Disse nunca ter saído da sua faixa de rodagem e que, confrontado com fotografias da reconstituição, pôs tal procedimento em causa por considerar que não corresponde aos acontecimentos.
"Isto nunca aconteceu. Eu mantive-me sempre no centro da minha faixa, até que senti a primeira pancada". O motorista assumiu ainda não se ter apercebido da ultrapassagem.

"Ia concentrado na estrada, mas tenho a convicção de que nunca me aproximei da via da esquerda. Mantive-me sempre a 40 ou 50 centímetros de distância", respondeu, por vezes de forma tensa e agastada, aos vários advogados no tribunal.
Uma insistência que se prende com a tentativa de perceber a responsabilidade de cada um dos condutores no desenrolar dos acontecimentos. João Cardoso, engenheiro civil do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) subscritor do relatório pericial, também não esclarece essa questão e apresenta ainda "reservas metódicas" relativamente à reconstituição.

in "DN"

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